Pindorama e o Palácio de Cristal
Um Olhar Brasileiro sobre a Exposição de Londres de 1851
Muitas pessoas
perguntam-me sobre a razão de escrever um livro a respeito de uma exposição
industrial que aconteceu há mais de 150 anos na Inglaterra. E uma exposição
da qual o Brasil esteve oficialmente ausente.
Existe hoje um
grande interesse em conhecer os esforços realizados e os sucessos alcançados
em diferentes países periféricos no complexo processo de transmissão
transcultural da ciência européia e de sua incorporação
e domesticação nas regiões receptoras em contextos sócio-históricos
bem definidos. Isto acontece porque a marginalização daquelas
regiões, durante séculos, do processo de criação
do conhecimento científico e tecnológico empreendido pelos países
centrais, fez escassearem as idéias e conhecimentos científicos
gerados nas nações periféricas.
A idéia
deste livro surgiu a partir de um trabalho maior que estou desenvolvendo sobre
as atividades de Pedro de Alcântara Lisboa, jovem engenheiro químico
brasileiro, graduado pela École Centrale de Paris em 1845, na difusão,
no Brasil, do conhecimento tecnológico contemporâneo em geral e
químico em particular. Parte desse conhecimento dizia respeito ao que
ele viu na Exposição Universal de Londres de 1851, onde se mostrou
o que o Reino Unido e o mundo estavam produzindo e fabricando e constituiria
um capítulo de uma futura obra.
O tema em si é
de grande importância e tem sido até hoje extensamente estudado
no Reino Unido e nos países de língua inglesa. Da mesma forma,
uma pesquisa em jornais brasileiros contemporâneos mostrou que ele despertara
enorme interesse no Brasil; portanto haveria espaço para uma obra que
fizesse uma abordagem pioneira sobre o impacto daquela exposição
industrial na sociedade brasileira da época. É o que este livro
se propõe a fazer.
Em 1843, o cientista
alemão Karl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868) em seu estudo Como
se deve escrever a História do Brasil sugeriu que ela deverá
ser escrita em estilo popular, posto que nobre. E que ...não
devia ser escrita em uma linguagem empolada, nem sobrecarregada de erudição
ou uma multidão de citações estéreis.
Procurei seguir
aqueles ensinamentos. No texto utilizei em profusão material colhido
de fontes primárias , isto é, de jornais e revistas brasileiros
e estrangeiros contemporâneos, principalmente O Auxiliador da Indústria
Nacional, de longe o principal veículo de difusão tecnológica
no Império. A sua transcrição teve por objetivo retratar
o ponto de vista do cronista, expresso na linguagem da época.
Foram necessárias
extensas notas bibliográficas que tiveram vários objetivos: de
resumir biografias, explicar conceitos, detalhar impressões, e descrever
princípios de funcionamento de equipamentos, sem, com isso, prejudicar
o desenrolar do relato. Desta forma, o leitor economizará tempo por não
precisar buscar, em enciclopédias, em outros livros ou na Internet, informações
sobre os muitos temas abordados na obra.
É óbvio
que isto demandou um enorme esforço de pesquisa que está demonstrado
na bibliografia consultada. Esta consulta foi bastante facilitada pela ajuda
profissional e prestimosa das(os) bibliotecárias (os) das seguintes instituições:
Biblioteca Nacional, Biblioteca da Federação das Indústrias
do Rio de Janeiro (FIRJAN), Biblioteca do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro (IHGB), Biblioteca do Itamaraty, Biblioteca da Associação
Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), da Academia Nacional de Medicina, do Instituto
Nacional de Tecnologia (INT), do Clube de Engenharia, do Núcleo de Documentação
e Memória do Colégio Pedro II (NUDOM), e do Instituto do Patrimônio
Histórico Nacional (IPHAN), a quem faço um público agradecimento,
sem mencionar nomes para não cometer injustiças.
Além dessas,
foram consultadas obras nas seguintes bibliotecas da Universidade Federal do
Rio de Janeiro: Biblioteca do Centro de Ciências Matemáticas e
da Natureza, Biblioteca do Centro de Tecnologia, Biblioteca de Obras Raras ou
Antigas do Centro de Tecnologia, Biblioteca da Escola de Química, Biblioteca
do Instituto de Química, Biblioteca do Museu Nacional e Biblioteca da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Fica aqui o meu agradecimento aos funcionários
daquelas bibliotecas que dispensaram uma dedicada atenção a um
ex-aluno da UFRJ. Desejo fazer um especial agradecimento a Sra. Vânia
Lisboa, da Biblioteca da Escola de Química que, com grande paciência,
abriu-me os caminhos àquelas instituições.
Desejo agradecer
também a Mme. Nicole Magnoux da École Centrale de Paris, que enviou-me
um valioso material sobre aquela famosa instituição. Especialmente
as ementas dos cursos e os boletins escolares de alguns brasileiros que a frequentaram,
inclusive Pedro de Alcântara, cujo depoimento estava portanto embasado
em sólida formação técnica.
Um famoso conjunto
inglês diz em uma canção que ...eu consigo com uma
pequena ajuda dos meus amigos. Isto aconteceu ao longo deste projeto,
pois recebi ajuda de vários deles, através de conselhos, incentivos
e palavras de estímulo Entre eles, faço questão de destacar
Adriana Riche, Altair Thury, Carlos Doin, Cibele Ipanema, Isabel Mauad, João
Carlos Ferreira, Luiz Antonio Godoy, Lula Freire, Manoel Pinto Alves da Silva,
Márcio Drummond, Marco A. Muniz Lima, Marcos Soares, Maria Beatriz B.
Ramos, Patrícia Barretto, Paulo Gustavo P. Prillwitz, Pedro Antônio
P. Vieira, Rodrigo Moreira, Sebastião Amoedo, Valéria Villela,
Winston Fritsch. Muito obrigado a todos vocês!
Agradecimentos
especiais devo a dois outros amigos. A Sergio Alevato, que foi o primeiro técnico
a ler todo o original, pelas inteligentes observações. A Jaime
Nogueira que me ajudou de muitas maneiras: em pesquisa de material, principalmente
ilustrações na Internet, na tradução de termos técnicos
em francês do século XIX, na organização da minuta
do livro. Tudo isso rendeu animados almoços no centro da cidade.
Ao Prof. Pedro
Carlos da Silva Telles agradeço não só por ter usado parte
da sua merecida aposentadoria para ler o original do livro como pelo simpático
prefácio que ele teve a gentileza em escrever.
Ao Prof. Carlos
Alberto Filgueiras, do Instituto de Química da UFRJ, devo muito. Ele
abriu os meus olhos para o fato de existir uma história da química
no Brasil ainda por investigar, o que constituiu, na realidade, a espoleta que
detonou este livro.
Como não
podia deixar de ser, a concretização da edição do
livro só foi possível através da inestimável ajuda
de profissionais, a quem sou muito grato. Gabriel Labanca, que realizou um criativo
projeto para as capas do livro. À equipe da E-papers, na pessoa da sua
principal executiva, Ana Claudia Ribeiro que, desde quando o livro estava na
minha mente, manteve sempre comigo uma relação de parceria; ela
é a responsável pelo belo trabalho gráfico que valorizou
este livro.
Mas a materialização
desta edição não teria acontecido não fosse o patrocínio
da Poland Química Ltda. Sou muito grato a André Machado e Andréia
Fernandes, que acreditaram que esta obra poderia atender ao projeto da empresa
de vincular seu nome a um dos aspectos mais marcantes da cultura de um povo
que é o de resgatar a sua história, principalmente do setor industrial
onde ela atua.
Por fim, desejo expressar a minha profunda gratidão aos membros da minha família que sempre me apoiaram nesta empreitada. Meus filhos Rafael e Thiago, a minha irmã Eliana e a minha querida mãe, que foi a primeira pessoa a ler a minuta deste trabalho. Meu maior agradecimento vai para a minha querida Flavia, companheira sempre presente na minha vida, pelo seu entusiasmado incentivo.