Comunicação e Cultura Visual
Potiguara Mendes da Silveira Jr. e Iluska Coutinho (orgs.)
As relações
entre Comunicação e Cultura há muito se impõem como
temática central para a compreensão da contemporaneidade. Não
por acaso a partir desse recorte se constituem linhas e grupos de pesquisa já
consolidados na Pós-graduação em Comunicação
e também em áreas com as quais esse campo de conhecimento estabelece
interfaces. Os trabalhos reunidos neste livro fazem parte desse esforço
reflexivo, com privilégio para a questão da visualidade.
Em uma sociedade
das imagens, como a caracterizam alguns autores, há a aproximação
de aspectos estéticos e comunicativos, de Artes e Comunicação,
áreas de conhecimento mobilizadas para analisar a cultura visual. Esta
é a perspectiva comum que reúne os autores deste livro, resultado
de pesquisas realizadas no âmbito de curso de especialização
realizado na Universidade Federal de Juiz de Fora. Os olhares sobre Comunicação
e Cultura Visual são apresentados a partir de três enfoques: Arte
e Espaço; Televisão, Cinema e Identidade; Mídia e Política.
Na primeira seção
do livro Arte e Espaço , a partir das produções
simbólicas de escritores, poetas e artistas modernos e pós-modernos
Débora Falco e Iluska Coutinho analisam as construções
identitárias da cidade e as condições de deslocamento e
viagem que marcam a contemporaneidade. O capítulo Poéticas
Identitárias realiza esse percurso para evidenciar de que forma o
fenômeno turístico se insere nos universos de Literatura e Arte.
Em Práticas
artísticas no espaço cotidiano, Rachel Falcão analisa
a aproximação entre arte e vida provocada por práticas
artísticas que propõem um campo artístico vivencial ativado
pelo ato dos participantes e capaz de instaurar processos de resgate, construção
e afirmação de identidades individuais e coletivas, pessoais
e espaciais. A autora ainda busca compreender o contexto que permite o nascimento
e sustenta o desenvolvimento deste tipo de projetos e ações artísticas,
e comunicativas.
A observação dos espaços urbanos como ambiente pulsante,
aberto a experiências artísticas e do campo da comunicação
também é o ponto de destaque da análise de Christina Ferraz
Musse e Carlos Eduardo Ribeiro Silveira, apresentada no capítulo Getúlio
Vargas, fisiologia de uma artéria em colapso. No texto, os autores
lançam olhares sobre uma via central de Juiz de Fora, que, mais que como
um local de passagem, é compreendida como um espaço de produção
de sentidos.
Vilson Holzapfel,
em Stelarc e a quimera pós-humana, argumenta que, no universo
das performances de Stelarc, mediante a anexação de tecnologias,
como uma incômoda, mas eficiente roupagem, o corpo expande seu aparelho
sensorial e neuronal a ponto de dissolver, pulverizar e misturar as subjetividades,
entrando em contato íntimo com a alteridade. Em rede, executa uma coreografia
involuntária e espasmódica, ao processar os impulsos remotos,
enquanto responde de forma direcionada ou difusa. Revela-se a quimera de Stelarc
a alegoria do pós-humano única forma, para o artista,
de superar a obsolescência a que o corpo biológico se vê
relegado no ambiente congestionado e fluido gerado pela tecnologia numérica.
A segunda seção
Televisão, Cinema e Identidade reúne quatro
capítulos que abordam as produções midiáticas tendo
como perspectiva seus impactos na percepção do tempo e nas identidades
na atualidade. Em A personagem da telenovela, Aluizio Ramos Trinta e
Danúbia Andrade refletem sobre as estratégias narrativas e simbólicas
utilizadas nas narrativas desse gênero central na cultura brasileira.
Ao contrário das tramas globais, nessa análise o personagem negro
ganha destaque.
Para além
da relevância das produções simbólicas veiculadas
em rede nacional, essa também expressão que ganha sentido a partir
da forma de distribuição dos sinais da televisão no Brasil,
Frederico Belcavello Guedes e Iluska Coutinho refletem sobre as Identidades
e representações na TV local. A análise do processo
de representação das identidades locais por meio de uma emissora
de televisão de Juiz de Fora-MG, a TV Visão, tem como viés
empírico a interpretação do discurso de seus apresentadores.
A relação
entre mídia e a percepção racial é o tema central
de O negro na TV visto por jovens afro-descendentes, capítulo
de Cláudia Regina Lahni e Maria Aparecida Costa Figueiredo. O texto apresenta
uma reflexão sobre o negro na TV e como ele é visto por jovens,
considerando-se a importância da comunicação, em especial
da televisão, para a identidade juvenil percebida por jovens afro-descendentes,
estudantes do ensino fundamental de uma escola pública localizada na
Zona da Mata Mineira.
Mídia
digital e reconfiguração da experiência da temporalidade,
texto de Carlos Pernisa Jr. e Melissa Ribeiro de Almeida, analisa o impacto
das Tecnologias da Comunicação na sociabilidade humana, tendo
como foco central a investigação das influências da Mídia
Digital sobre a experiência da temporalidade. Também ganham destaque
as transformações ocasionadas pelas tecnologias da comunicação
na maneira de se produzir, organizar e distribuir as informações
e suas conseqüências na construção das narrativas cinematográficas
da contemporaneidade.
Na terceira seção
Mídia e Política , em Identidades e blogs,
Paulo Roberto Figueira Leal e Joana Paula Barbosa Gonçalves analisam
os blogs como espaço de produção e percepção
identitária. O capítulo aborda ainda a questão da personalização
do discurso como forma de estimular as políticas de vínculo comunitário.
Estratégias do impresso para conquistar jovens leitores, capítulo de Janaina de Oliveira Nunes e Francisco Paoliello Pimenta, analisa uma parceria entre empresas de mídia digital e impressa a partir de estudo de caso sobre a coluna ZineCultural publicada semanalmente no jornal Tribuna de Minas. O texto aborda a transposição de conteúdo da internet para o impresso, objetivando identificar a eventual existência de tentativas de utilizar recursos de multimídia no suporte papel.
Iluska Coutinho e Potiguara Mendes da Silveira Jr.