Informação para o desenvolvimento e a formação de recursos humanos especializados
Regina Celia Montenegro de Lima
A chave para o
planejamento e a tomada de decisão é a disponibilidade de informação
relevante, pertinente, completa, correta, atual e adequada. Considerar a informação
como um recurso para resolução de problemas e como recurso para
gerenciar mudanças e inovações é condição
essencial para o desenvolvimento industrial, tecnológico, econômico
e social. O controle e a exploração de recursos próprios
de informação são necessários à soberania
intelectual e tecnológica de um País e são fatores de crescimento
político e econômico.
Serviço
de informação é toda a entidade organizada que participa
da transferência de informação. O serviço de informação
também deve preparar resumos e documentos de sínteses para disseminar
seletivamente as informações recompiladas, consolidadas e tratadas
entre os responsáveis pelas decisões, os encarregados de aplicá-las
e as pessoas a quem essas decisões vão afetar.
No levantamento
realizado para este estudo, encontram-se muitas referências a várias
instituições no Brasil, mas é preciso confirmar os dados
da literatura, pois que as situações mudam constantemente e a
realidade se altera. Muitos sistemas planejados não chegam a ser implantado
ou têm vida efêmera.
Variam consideravelmente
as necessidades de informação e elas dependem do tipo de usuário;
a questão então é selecionar a informação
mais relevante de modo que ela possa satisfazer as múltiplas necessidades
de cada tipo de usuário.
Após a
era da revolução industrial surge a denominada era da revolução
da informação que pode proporcionar mudanças muito mais
rápidas e radicais nas estruturas, inclusive nas estruturas sociais.
Além disso, há de se considerar o fato da informação
ser um bem econômico, um recurso nacional que se desenvolve na medida
em que permite um maior domínio no processo de tomada de decisão.
Dentre os recursos
disponíveis para o desenvolvimento recursos naturais, capital,
tecnologia e trabalho é inegável a importância do
elemento humano como agente de mudança e maximizador do aproveitamento
de recursos. Assim sendo, a linha mais segura para vencer etapas parece ser
a capacitação de recursos humanos, mediante o estabelecimento
de programas de educação e treinamento de pessoas para serviços
de informação que sirvam de base para a formulação
de políticas e diretrizes a fim de otimizar o desenvolvimento de uma
nação.
Sempre é
oportuno examinar as prioridades e, usando a informação de forma
adequada, estabelecer linhas de ação que considerem a informação
como recurso e como um dos fatores capazes de propiciar desenvolvimento. Acredita-se
que uma comparação das experiências de países em
diferentes estágios de desenvolvimento possa orientar os esforços
dos planificadores brasileiros para organizar sistemas de informação
mais eficazes e eficientes.
Este estudo se
fundamenta na certeza de que é preciso administrar para informar e informar
para administrar. Informação é insumo e é produto.
A tomada de decisão é uma atividade importantíssima do
administrador e requer informações relevantes, pertinentes, adequadas,
confiáveis e em tempo hábil. Freqüentemente, acontece que
relatórios oficiais e outras relevantes informações administrativas
podem se tornar desatualizadas, inaproveitáveis ou até mesmo não
entendidas por falta de continuidade e de regularidade no fluxo de informação;
ou ainda, pelas dificuldades de acesso ou inabilidade de manuseio pelo desconhecimento
do potencial informativo de tais documentos.
Assim sendo, os
programas de treinamento devem ter o objetivo de ser muito mais do que simples
transmissão de conhecimento. Mais do que preparar o pessoal para a realização
de determinada tarefa, o treinamento deve transcender à dimensão
mais profunda de formar atitudes desejáveis para que sejam atingidas
as metas institucionais e a melhoria do nível de bem-estar da sociedade.
Aqui se faz uma revisão da literatura, através do método
dialético-discursivo que destaca traços comuns, contrários
ou diferenciados das abordagens e desenvolvimento que se desenrolam no tempo
e, através do método descritivo de identificação
de situações, fatos e fenômenos, levanta-se a informação
relevante para análise e avaliação.
No início
da década de 1980, quando se realiza a pesquisa que dá origem
a este texto, a divisão política da Europa é bem anterior
a do Mercado Comum Europeu e diferente da existente no início do atual
milênio. O trabalho é iniciado com uma estrutura para ser defendido
no Mestrado em Administração da UFSC, quando o mundo fervilha
de inovações em tecnologias da informação e cada
vez mais administração científica e gestão de informação
se destacam como caminho para acelerar o desenvolvimento.
Nos anos 80 o
planeta Terra está polarizado entre Estados Unidos e URSS e pela Guerra
Fria. Registra-se um diagnóstico da realidade naquele momento e os prognósticos,
ainda que com base naquela realidade, permanecem com atualidade, no sentido
de que as mudanças e transformações continuam ocorrendo
de forma acelerada e é necessário detectar novos diagnósticos
de sistemas de informação e de estudos de usuários a cada
nova tomada de decisão para planejamento e gestão da informação.
A partir da revolução
socialista de 1917, dentro das modificações sociais e políticas
ocorridas na Rússia e em toda a União Soviética, a informação
passa a ser objeto de grande atenção do governo. Sob o impulso
direto de Lênin, a Rússia é o primeiro país a aplicar
uma política nacional de informação com a finalidade de
facilitar a planificação e a administração do Estado.
Muitas vezes,
a diferença entre países desenvolvidos e países periféricos
é identificada como diferenças nos níveis de domínio
da informação. Os computadores e outras inovações
modificam o planeta em termos de tempo e distâncias. O problema crucial
para uns pode ser a produção de novos conhecimentos enquanto que
em países periféricos o problema, em estágio mais primitivo,
consiste ainda em estabelecer uma infra-estrutura que propicie pesquisa e desenvolvimento,
principalmente nas áreas de ciência e tecnologia. Importante é
a infra-estrutura da informação para a tomada de decisão
gerencial a nível público ou privado a informação
que permita a escolha da melhor alternativa para solucionar questões.
O desenvolvimento
de recursos humanos engloba atividades de treinamento e educação
continuada com o objetivo de aumentar a habilidade do indivíduo para
realizar tarefas com eficiência e entusiasmo, dando-lhe oportunidade de
progredir por apresentar melhor desempenho operacional. Desta diretriz é
exemplo o Guia para treinamento de usuários e intermediários
do serviço automatizado de disseminação seletiva da informação
da Embrapa, de autoria de Oliveira e publicado em Brasília já
em 1980.
Cada vez mais
a tecnologia da informação acelera e modifica relações,
permitindo trocas em tempo real e eliminando distâncias. Os usuários
da informação começam, cada vez mais cedo, a manusear instrumentos
de comunicação. O profissional bibliotecário tem entre
suas funções as tarefas de selecionar, organizar, recuperar e
disseminar a informação relevante à pessoa certa e no momento
adequado. Isto está implícito ao longo deste trabalho, no currículo
mínimo aprovado pelo CFE em setembro de 1982 bem como nos programas de
desenvolvimento na área de informação.
De tudo o que
está aqui registrado e enfocado na literatura consultada, destaca-se
a necessidade de, não somente treinar o pessoal que atua nos serviços
de informação, como também, e principalmente, capacitar
e treinar usuários da informação. Assim, o treinamento
do pessoal que atua nos sistemas de informação deve contribuir
para capacitá-los a treinar os usuários, isto é, eles devem
ser capazes de prestar os serviços requeridos que incluem o necessário
treinamento indicado pelos estudos de usuários. Numerosos na literatura
estrangeira, os estudos de usuário aparecem no Brasil, a partir de 1975,
principalmente como resultado de dissertações e teses, o que reflete
a decisiva influência dos cursos de pós-graduação
no desenvolvimento de pesquisas.
Nas considerações
da Unesco, conforme Anwar (1981, p. 366), os usuários da informação
são parte integrante do elo final da cadeia de transferência de
informação; eles são a razão de ser de cada investimento
feito para melhor armazenar, organizar, processar e recuperar a informação.
Em cada país, do menos ao mais desenvolvido, uma certa quantidade de
informação científica e tecnológica produzida
no local ou de origem internacional é processada e armazenada
de certa forma para beneficiar usuários.
A menos que os usuários saibam como encontrar a informação
relevante disponível para eles, o sistema de informação
falha em seu principal objetivo. Portanto, sobre o papel da informação
na administração pública é importante considerar
que: o administrador público adquire cultura, conhecimento, entendimento
e por isto mesmo, credibilidade se ele dispõe de informação
e sabe como utilizá-la.
Verificada a dificuldade
de encontrar informações sistematizadas para analisar Sistemas
de Informação para o Poder Público (SIPP), é feita
uma ampla coleta de dados para registrar o que é possível encontrar
em diversos países e ressaltar com destaque as informações
sobre os países fora do denominado Primeiro Mundo, informações
em organização ou ainda por organizar.
Informação
para planejar deve indicar quem pode ajudar, onde uma entidade ou recurso está
disponível e o que está disponível. Para oferecer diversos
tipos de informação em diversos tipos de organização
é preciso estudar Sistemas de Informação variados. A fim
de oferecer ao cliente informação com real valor, pertinente,
adequada e relevante é proposta uma nova abordagem com uma colagem de
idéias aproximando áreas do conhecimento tais como ciência
da informação, comunicação, gestão do conhecimento,
tecnologia da informação, administração e marketing.
Os primeiros Sistemas
de Informação (SI) na América Latina são os de Informação
em Ciência e Tecnologia (ICT), geralmente mais do que SI, são pontos
focais nacionais em diversas atividades pioneiras em informação,
incluindo treinamento e educação profissional, assessoria a bibliotecas,
importação, adaptação e desenvolvimento de novos
métodos para processamento e disseminação de informação.
É bastante
enfatizada a importância do treinamento de quem decide, o treinamento
de executivos, pois a prática tem demonstrado que de pouco adianta uma
equipe técnica altamente qualificada atuando ao lado de uma gerência
não capacitada para aceitar inovações. Por isto, o treinamento
deve ser planejado de forma a atingir todos os níveis hierárquicos
do pessoal que atua em uma instituição.
Administrações
da informação, informação para desenvolvimento e
administração de recursos humanos são temas que despertam
atenção nos campos de ensino de comunicação, ciência
da informação, administração, marketing, elaboração
de trabalhos de conclusão de curso, de projetos e de sistemas de informação.
Administração, biblioteconomia, comunicação e cultura,
ciência da informação, documentação e ensino
A, B, C, D e E constituem parte da formação e das
atividades da autora deste trabalho. Assim, ao definir o tema para esta monografia,
a opção é por informação para desenvolvimento
e a formação de recursos humanos especializados a fim de obter
o grau de mestre em Administração área de concentração:
Administração Pública no Centro Socioeconômico
da Universidade Federal de Santa Catarina. A tarefa é facilitada pela
vivência, pela troca de informações e experiências.
Inclusive, pelo fato de compartilhar idéias e pela orientação
de professores e de colegas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
e do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(Ibict), onde há a oportunidade de reunir informações e
conhecimentos ao desenvolver atividades docentes e administrativas e relatar
experiências vivenciadas.
Este estudo está
dividido e organizado na forma de capítulos: Capítulo 1
apresenta uma visão geral do trabalho e a metodologia adotada; Capítulo
2 define idéias e as situa na literatura selecionada; Capítulo
3 discorre sobre sistemas de informação para governo, citando
e comentando sistemas em diversos países e oferecendo um panorama geral
dos sistemas de informação no Brasil; Capítulo 4
trata de formação e aperfeiçoamento de profissionais que
atuam em serviços de informação e de treinamento e educação
de usuários; e Capítulo 5 analisa as informações
mostradas nos capítulos anteriores, apresenta descobertas, sugestões,
conclusões e as considerações finais.
Registra-se aqui
agradecimento ao núcleo familiar, ao núcleo profissional e a todos
os que contribuíram para a realização deste trabalho. Destaca-se
reconhecimento pela competência dos orientadores com cujo incentivo este
trabalho é realizado. Os professores Nice Menezes de Figueiredo, Ingo
Schultz, Nelson Colossi e Antonio Niccoló Grillo guiam aspectos relativos
a Administração da Informação e Estudos de Usuários,
Teoria da Administração, Planejamento Governamental, Administração
Pública e Administração de Recursos Humanos.
Para atualizar
normas de apresentação de trabalho científico este texto
é totalmente revisado em 2008. É mantido o trabalho original defendido
em 1982, mas com adequação e revisão de normas e de forma.
Regina Celia Montenegro de Lima