Forças Militares no Brasil Colonial
Corpos de Auxiliares e de Ordenanças na Segunda Metade do Século XVIII
Christiane Figueiredo Pagano de Mello
Embora reconhecidas
como instituições de grande relevância na sociedade colonial
por historiadores como Caio Prado Junior, Raymundo Faoro e Nelson Werneck Sodré,
a bibliografia dedicada às organizações militares do Brasil
colonial é quase inexistente.
Esse
livro visa contribuir para uma melhor compreensão dos Corpos de Auxiliares
e de Ordenanças, apresentando o funcionamento desses grupamentos nas Capitanias
do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais na segunda metade do século
XVIII, quando estas constituíam o centro político-administrativo-militar
do Império Português na América. Sob o comando do vice-rei,
as três capitanias formaram um conjunto que atuava em intensa articulação
militar para a defesa das regiões ao extremo sul do Estado do Brasil, com
ampla participação dos Auxiliares e Ordenanças.
Delegar a defesa militar aos próprios habitantes representava um aumento significativo do tamanho da força militar mobilizável e era considerado um fator de extrema relevância, realçado no texto das Instruções Militares emitidas pela Coroa naquele período. A importância dos Corpos de Auxiliares e de Ordenanças transformou-os em centros de poder local, que se constituíram em uma via privilegiada de contato entre o poder central e as comunidades locais. A autora valoriza as relações entre esses entes assimétricos, mantendo em perspectiva que é a relação de interdependência que completa o sentido e o significado dos dois níveis de poder, central e local.