Desconstruindo McLuhan
O homem como (possível) extensão dos meios
Este livro é
a adaptação da dissertação de mestrado McLuhan
e o cinema O homem como possível extensão dos meios,
defendida em março de 2006 na Escola de Comunicação da UFRJ.
O trabalho foi realizado sob orientação da Profª drª Ieda
Tucherman, a qual agradeço uma vez mais. Como toda adaptação
nos referimos a esse livro como um novo trabalho. Por tratar-se de uma nova obra
alguns trechos funcionam como suplemento, outros ficaram somente para o original.
Gostaria de agradecer ao prefácio desconstrucionista de Rafael Haddock-Lobo.
A
proposta inicial desse trabalho era pensar como o cinema interpreta, codifica,
lê as ideias de um autor para num outro momento criar uma nova possibilidade
de também se interpretar, codificar, ler esse mesmo autor. O nome em questão
é o de Marshall McLuhan. McLuhan como mais que um personagem de cinema,
mas como produtor da realidade cinematográfica por intermédio da
sua visão sobre a técnica e sobre a tecnologia. Para isso optamos
por uma cartografia fílmica descompromissada com qualquer aspecto analítico
formal. Nossa análise preferia, como McLuhan, explorar e não explicar
ou, como Chacrinha, vir pra confundir. Não se tratava de explicações
ou origens, daí nosso contato com a desconstrução. Não
há pretensão metafísica. Reconhecemos, destarte, que uma
série de outros recortes (filmes ou não) poderia dar conta do que
pretendemos, mas essa série seria série de séries...
A
pesquisa que resultou nessa obra tentava compreender as interfaces entre o cinema
e o legado teórico de Marshall McLuhan. Alguns filmes em nossa opinião
demarcam uma cartografia sobre uma questão material e sensorial que a obra
do autor apontava e que, por uma possível interpretação equivocada
do teórico canadense por parte de muitos pensadores dos meios de comunicação
de massa nas décadas de 1960 e 1970, não permitia-nos observar o
que ele realmente pretendia com a ideia sobre os meios de comunicação
como prolongamentos do homem, bem como frases como com a TV o espectador
é a tela ou com a famosa máxima o meio é a mensagem.
O cinema passa a ser o locus de uma análise convincente, que ora afirma, ora nega as teorias de um pensador, mas que acima de tudo consolida a reflexão de McLuhan como voz enunciadora de um novo sujeito que habita os media. As novas tecnologias da informação ganham papel decisivo na análise da obra de McLuhan e balizam essa obra. A proposta é a desconstrução como evidenciada por Jacques Derrida da ideia central de McLuhan na contemporaneidade sob o ponto de vista técnico/estético que nos convida a discutir o homem como (possível) extensão dos meios. Ao revisitar a obra de McLuhan, relendo a técnica através de continuidades e deslocamentos que condicionam o homem, a arte cinematográfica se torna não somente uma representação da realidade, mas a possibilidade de produzi-la, enquanto as novas mídias digitais parecem criar um novo ser humano. No campo das constatações, a rede mundial de computadores que Marshall McLuhan não acessou é pra lá de cinematográfica. No campo das possibilidades, esse trabalho pretendia somente discutir o imaginário tecnológico como uma forma de pensar nosso momento, de refletir sobre o eterno acontecimento que faz da teoria ficção, que faz do pensamento cinema.
Wilson Oliveira Filho