capa do livro

Na trilha do disco

Relatos sobre a indústria fonográfica no Brasil

Irineu Guerrini Jr. e Eduardo Vicente (org.)

Os textos que se seguem foram produzidos por membros do NP de Rádio e Mídia Sonora da Intercom, Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, e apresentados, em sua quase totalidade, durante os Congressos da Sociedade realizados nos anos de 2007 e 2008 (em Santos e Natal, respectivamente). O Núcleo tem desenvolvido, ao longo dos últimos anos, um extraordinário trabalho de pesquisa em relação ao rádio, contemplado por numerosas publicações. Nosso desejo é de que esse livro colabore para a consolidação, dentro do NP, também de uma frente de pesquisa expressiva nas áreas da Música Popular e da Fonografia.

Embora exista um volume bastante razoável de trabalhos enfocando artistas e gêneros musicais, o tema da indústria fonográfica, ou seja, das empresas que proveram as condições necessárias para a gravação, divulgação e distribuição de suas obras, ainda é pouco discutido. Um trabalho coletivo, como o que apresentamos aqui é, até onde sabemos, uma iniciativa ainda inédita no país e entendemos que os temas escolhidos pelos diferentes autores oferecem um cenário bastante abrangente, tratando de aspectos como história, características regionais, distribuição, divulgação e perspectivas da indústria.

O livro é composto por 10 textos. Os quatro primeiros são dedicados às trajetórias de diferentes gravadoras nacionais do passado e do presente. A paulistana RGE, objeto do trabalho de José Eduardo Ribeiro de Paiva, foi a gravadora responsável pelos primeiros trabalhos de artistas fundamentais para a música brasileira como Maísa, Miltinho e Chico Buarque, entre muitos outros. Já a carioca Som Livre, apresentada no texto de Heloísa Maria dos Santos Toledo, é o braço fonográfico da Rede Globo e tem respondido pela quase totalidade da produção de trilhas de novelas e minisséries que, há mais de três décadas, influencia o gosto musical do público e os rumos do mercado fonográfico nacional. A SomZoom, apresentada por Andréa Pinheiro e Flávio Paiva, praticamente criou e manteve sob seu domínio, por longo tempo, o chamado Forró Eletrificado de Fortaleza - demonstrando que o cenário independente também pode comportar forte concentração econômica e rígido controle sobre a produção cultural. O selo paulistano Evocação, analisado aqui por Marta Regina Maia, ilustra as possibilidades para a ação individual abertas pelo uso das novas tecnologias digitais, que permitiram a um aficcionado recuperar e distribuir as gravações originais de seus grandes ídolos.

Os dois próximos textos dão conta da grande segmentação regional da indústria. O primeiro deles, produzido pelas pesquisadoras Ângela de Moura, Nair Prata, Sonia Pessoa, Waldiane Fialho e Wanir Campelo, oferece um panorama atualizado da cena de Minas Gerais. Já Ayêska Paulafreitas, com seu brilhante relato, oferece-nos a trajetória das empresas baianas de publicidade que responderam pelas primeiras produções de artistas locais como Antonio Carlos & Jocafe, Sarajane e Luiz Caldas, entre muitos outros, que posteriormente alcançaram grande sucesso nacional através de grandes gravadoras.

No texto seguinte, Eduardo Vicente e Marcos Júlio Sergl apresentam um importante relato histórico sobre as últimas décadas da indústria do disco no país, detendo-se especialmente no modo pelo qual um segmento de menor peso mercadológico - no caso, o da produção erudita - tem enfrentado as agruras de um cenário marcado por crises e desequilíbrios. A seguir, Irineu Guerrini Jr. nos oferece um relato bastante abrangente sobre o modo pelo qual as bancas de jornais tornaram-se um importante espaço de distribuição tanto para selos independentes e artistas autônomos quanto para grandes grupos de comunicação.

O rádio, que não poderia estar ausente desse cenário, é enfocado na sequência através da Continental AM, emissora de Porto Alegre que, além de promover importantes artistas gaúchos dos anos 70 e 80 (como Hermes Aquino e Almôndegas), envolveu-se também na atividade de produção fonográfica. O texto é assinado por Sérgio Francisco Endler.

Fechando o livro, Micael Herschman discute o cenário atual, onde os shows ao vivo parecem estar se tornando mais centrais para os artistas do que a gravação e venda de seus discos.

Como organizadores da obra, gostaríamos de expressar nosso profundo agradecimento aos autores acima citados, tanto pela confiança depositada em nosso trabalho como pelo compromisso assumido - dentre os múltiplos que suas carreiras acadêmicas certamente lhes impõe - com a produção dos textos aqui apresentados. Agradecemos ainda aos integrantes do Núcleo de Rádio e Mídia Sonora da Intercom que acompanharam nossas mesas e, muito especialmente, a Luiz Artur Ferraretto que, na condição de coordenador do Núcleo, apoiou esse projeto de publicação desde o seu início.

Irineu Guerrini Jr. e Eduardo Vicente

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