A Prática da Gestão do Conhecimento em Empresas Públicas - vol. I
O caso da RIOLUZ e o caso da EMAE
Fernando Pereira, Siclinda Omelczuk, José Antonio Cintra e Luiz Eduardo de Abreu
Quando o CRIE
Centro de Referência em Inteligência Empresarial , da
COPPE/UFRJ, foi criado, em 1998, tínhamos a certeza de que a gestão
do conhecimento se tornaria um assunto extremamente importante e relevante
para o Brasil. Só não sabíamos quando...
Na época, pregávamos no deserto. Poucas pessoas consideravam
a importância do assunto e a primeira turma do MBKM (Pós-graduação
lato sensu em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial,
da COPPE/UFRJ) só aconteceu com o decisivo apoio da Financiadora
de Estudos e Projetos (FINEP), através do programa RECOPE (Rede
Cooperativa de Pesquisa). Todas nossas ações estavam voltadas
para a sensibilização das pessoas e organizações
sobre a importância da gestão do conhecimento para o sucesso
das organizações do século XXI.
Em 2002, a realidade é outra! O CRIE já formou mais de 175
profissionais de gestão do conhecimento em sete turmas (cinco no
Rio de Janeiro, uma em São Paulo e uma em Brasília/DF);
além de outras sete turmas que estão em andamento (duas
no Rio de Janeiro, uma em Ribeirão Preto, uma em Campo Grande/MS,
uma em Brasília/DF, uma em Belo Horizonte e uma em São Paulo)
com previsão de formar outros 200 gestores até 2003. Além
disso, percebemos que para consolidar a área era necessário
uma ampla divulgação do assunto. Sendo assim, em 1999, lançamos
a Revista Inteligência Empresarial que comemora três anos
de existência com um número crescente de assinantes.
Recentemente, para confirmar o crescimento da relevância de práticas
de Gestão do Conhecimento no Brasil, realizamos uma pesquisa, publicada
no número 9 da Revista Inteligência Empresarial, que indica
que o mercado de Gestão do Conhecimento no Brasil deve continuar
crescendo nos próximos cinco anos a taxas bem superiores ao crescimento
estimado para a economia como um todo. Além disso, o CRIE foi a
primeira organização no Brasil (e até o segundo semestre
de 2002, a única) a receber o apoio do Fundo Verde-Amarelo para
a consolidação de Centros de Referência em Gestão
do Conhecimento. O que mostra a importância da visão de futuro
que tivemos em 1998.
Durante estes quatro anos (1998 2002) muito se desenvolveu no Brasil
em relação à parte teórica da gestão
do conhecimento. Só na COPPE/UFRJ foram defendidas 10 teses de
mestrado e seis de doutorado; publicamos dois livros: o primeiro, Gestão
de Empresas na Sociedade do Conhecimento, um ano após seu lançamento,
já se encontra na 6a edição e o segundo,
Inteligência Competitiva, em seis meses já está na
segunda edição. Mas, e a prática?
Falamos muito de experiências práticas de gestão do
conhecimento em organizações atuando fora do Brasil. E as
experiências brasileiras? Quem já está implantando
projetos de gestão do conhecimento no Brasil? Quais os problemas
enfrentados? Que tipos de projetos estão em desenvolvimento?
Nossa experiência
mostra que a gestão do conhecimento já é uma realidade
em várias organizações no Brasil. Vários números
da Revista Inteligência Empresarial trazem relatos de casos de empresas
brasileiras. Mas faltava uma publicação que pudesse servir
de guia para todas aquelas organizações que estão
implantando ou planejando implantar projetos de gestão de conhecimento.
É para preencher esta lacuna que criamos a coleção
CADERNOS CRIE: A Prática da Gestão do Conhecimento.
Este livro inaugura a coleção trazendo dois exemplos de
projetos de gestão do conhecimento na área pública.
Nos próximos livros da coleção, traremos diferentes
projetos de gestão do conhecimento implantados em empresas privadas
de pequeno, médio e grande porte, sempre procurando enfocar a prática
da gestão do conhecimento, de forma que todos possam aprender com
os erros e acertos dos outros.
Os projetos descritos neste livro foram apresentados como projetos finais
do MBKM: o primeiro apresenta um projeto de Mapeamento do Conhecimento
realizado na RIOLUZ (Empresa Municipal de Energia do Rio de Janeiro),
no qual Siclinda Omelcvuk e Fernando Flávio Pessôa Pereira
mostram a importância da gestão do conhecimento no setor
de energia elétrica, em especial o de iluminação
pública; o segundo apresenta um projeto de repositório de
conhecimento para a EMAE (Empresa de Águas e Esgotos do Estado
de São Paulo), no qual José Antônio Ulhôa Ferreira
e Luiz Eduardo de Abreu Cunha mostram como desenvolveram uma metodologia
para organizar, sistematizar e padronizar as informações
contidas em dois conjuntos de documentos: os relativos ao acervo de documentos
do patrimônio imobiliário e os documentos técnicos,
relacionando-os ao Modelo de Capitais do Conhecimento desenvolvido pelo
CRIE.
De fato, o conhecimento sempre foi central para o desenvolvimento econômico.
Mas apenas nos últimos anos, quando as atividades econômicas
tornaram-se mais intensivas em conhecimento, sua importância relativa
foi reconhecida, tornando-se o principal fator de produção
neste início de século.
O futuro do Brasil não está determinado. Ele será
o resultado das opções que fizermos. Caberá a nós
a decisão de sermos produtores ou consumidores de produtos e serviços
intensivos em conhecimento. O CRIE fez a sua opção: somos
uma organização orientada a transformar informação
e conhecimento em valor para as organizações. Desta forma
acreditamos estar contribuindo para inserir o Brasil na Sociedade do Conhecimento.
Esperamos que a coleção CADERNOS CRIE possa contribuir para
fazer de você, de sua organização e do Brasil um empreendimento
de sucesso!