Revista Inteligência Empresarial - n.28
Capital intelectual em pequenas e médias empresas
Centro de Referência em Inteligência Empresarial da Coppe/UFRJ
Desenvolver
a pesquisa e a inovação nas pequenas e médias empresas
é uma necessidade cada vez mais premente, sobretudo para os países
em desenvolvimento como o Brasil, onde boa parte das riquezas é gerada
em firmas desse porte. Um dos desafios para se atingir esse objetivo é
estimular a medição e o relatório dos capitais intangíveis,
hoje reconhecidamente os maiores agregadores de valor para as organizações.
É sobre isso que trata o artigo-âncora desta edição
de Inteligência Empresarial.
Em dezembro de 2004 o Diretório Geral para Pesquisa e Desenvolvimento
Tecnológico (DGRTD) da Comissão Européia (EC) montou um
grupo de especialistas de alto nível para propor uma série de
medidas para estimular o desenvolvimento do capital intangível em empresas
de pequeno e médio porte (PMEs). O Grupo de Especialistas focou seu trabalho
em empresas que fazem pesquisa e desenvolvimento (P&D), ou que usam os resultados
de P&D para inovar. Nesse relatório (Ricardis, da sigla em inglês),
o grupo de especialistas apresenta suas conclusões, com sete recomendações
para estimular o capital intelectual em PMEs através de ações
de sensibilização, programas de capacitação e divulgação.
De acordo com o Grupo de Especialistas da Comissão Européia, parte
da bem identificada falha de mercado para financiar pesquisa e inovação
em pequenas e médias empresas está relacionada à falta
de transparência do seu Capital Intangível (CI) e de seus ativos
complementares. O uso do Relatório de CI como auxílio a gestão,
e a própria ferramenta do relatório, podem ajudar a mitigar estas
falhas, criando mais transparência tanto externamente como dentro da empresa.
A principal idéia por trás do Relatório de Capital Intangível
é que informações financeiras informam sobre a performance
passada do negócio, mas não contam nada sobre seu futuro. O potencial
de futuro de uma empresa situa-se, não dentro do relatório financeiro,
mas em seu Relatório de Capital Intangível. Criando mais transparência
será possível gerenciar melhor seus recursos intangíveis,
aumentando a confiança e a motivação da equipe e transmitindo
maior confiança para investidores e outros acionistas sobre o ganho potencial
futuro, afirma o trabalho.
Apesar de tratar exclusivamente da realidade européia, o relatório
cujo sumário executivo publicamos nesta edição é
de especial interesse para o Brasil neste momento em que a inovação
é reconhecida como uma necessidade urgente para uma inserção
mais competitiva do país no mercado global.
Para nós do Crie, em especial, o estudo vem se somar aos nossos esforços
de não apenas apontar a importância dos ativos intangíveis
na geração de riqueza, mas também de criar indicadores
capazes de mensurar o valor agregado por esses capitais. Esses esforços,
que já se traduziram em estudos, artigos e teses produzidos por nossos
pesquisadores, agora ganham novo fôlego com a parceria firmada com o principal
banco de fomento do país o BNDES para o desenvolvimento
de uma metodologia de avaliação de ativos intangíveis nas
empresas brasileiras. O trabalho-piloto será realizado em quatro empresas
que possuem reconhecido compromisso com o desenvolvimento de seus ativos intangíveis
e servirá como validação da nova metodologia a ser adotada
pelo BNDES. O impacto de todo este trabalho pioneiro na América Latina
poderá ser medido na Conferência Internacional sobre o tema, que
acontecerá em agosto, na sede do banco e para o qual estão convidados
os maiores especialistas da Comunidade Européia, Ásia e EUA.
A parceria Crie-BNDES coloca o Brasil junto com o Japão e a Comunidade
Européia, que foram os primeiros na discussão e na implementação
de novos mecanismos de financiamento e avaliação de empresas,
na vanguarda da construção de um novo modelo de desenvolvimento
sustentável, que pode nos levar, finalmente, ao século XXI.
Boa leitura!
Os Editores