Revista Inteligência Empresarial - n.14
Centro de Referência em Inteligência Empresarial da Coppe/UFRJ
O conhecimento sempre foi importante para o desenvolvimento econômico. Contudo, apenas nos últimos anos, quando as atividades econômicas tornaram-se mais intensivas em conhecimento, sua centralidade foi reconhecida. Todavia, a sociedade do conhecimento traz a ameaça de aprofundar o fosso entre pobres e ricos, tanto em nível de País como dos cidadãos, se não definirmos políticas claras de inclusão social que privilegiem a chamada inclusão digital.
Este é o tema do artigo âncora deste número da Revista Inteligência Empresarial. Existem diferentes visões sobre o tema e, seguramente, o artigo aqui apresentado não se propõe a esgotar a discussão. Convidamos o professor Marcelo Néri, da EPGE/FGV, por ter sido ele o coordenador da maior pesquisa já realizada no Brasil sobre o assunto, em parceria com o CDI1 . Marcelo Néri nos enviou dois artigos: no primeiro, com o título de Lei de Moore e Políticas de Inclusão Digital, ele analisa as campanhas de doação de computadores mostrando como estas ações podem socializar os custos de obsolescência tecnológica dos equipamentos pelo potencial aumento da taxa de utilização dos mesmos e representam um canal privilegiado para criação de oportunidades de geração de renda e cidadania na era do conhecimento. Além disso, quantifica o público ainda sem acesso doméstico a computadores e identifica o universo de doadores potenciais, presentes ou futuros. Discute dados empíricos acerca da entrada de estoques de ativos associados à tecnologia digital nos domicílios através da avaliação da quantidade de bens existentes, ano de compra, estado de aquisição (novo ou usado), forma de financiamento (à vista ou a prazo) e a importância de doações de equipamentos. Interessante e desafiador! Quem sabe, após esta leitura não nos damos conta de que temos em casa um equipamento velho e obsoleto, mas ainda útil para outras pessoas?
No segundo artigo, intitulado Inclusão Digital no Rio de Janeiro, o autor apresenta as questões relacionadas à escola e aos domicílios nos âmbitos estadual e municipal. Neste artigo, ele caracteriza o universo de incluídos digitais domésticos (IDDs) nos principais municípios fluminenses e subdistritos cariocas e analisa a inclusão digital na escola para o Estado do Rio de Janeiro e seus municípios.
A revista traz, ainda, um artigo que aborda um dos mais importantes itens que compõem o capital estrutural de uma empresa: as franquias. O artigo trata especificamente de franquias no transporte rodoviário de cargas. Os autores, Claudinei de Araujo Bandeira e Hostílio Xavier Ratton Neto, do Programa de Engenharia de Transportes Coppe/UFRJ, analisam a utilização de franquias nas empresas de transporte rodoviário de carga. Para tal, foi realizada uma pesquisa com dez empresas do setor de transporte de carga buscando observar as formas de gestão utilizadas e a disposição destas empresas no que diz respeito à aplicação de sistemas de franquias. Quem sabe, alguns de nossos leitores não se interessam pelo negócio?
Nesta nova
sociedade, o trabalhador do conhecimento será cada vez mais valorizado.
Mas onde trabalharão estas pessoas? O que será que importa para
uma empresa quando da contratação? E o mais importante, o que
é considerado na hora da demissão? Para responder a algumas destas
questões, entrevistamos Doris Fonseca, Diretora do Centro de Desenvolvimento
do Sistema Coca-Cola, sobre os mitos e as verdades nos processos de seleção
e demissão. Nesta entrevista, Doris comenta sobre alguns equívocos
nos processos admissionais das empresas e sobre as dificuldades dos processos
de demissão de colaboradores. Ela enfatiza que não é covardia
demitir alguém. Covardia é não deixar que o colaborador
saiba o porquê de estar sendo demitido. É necessário que
haja diálogo para saber que alguma coisa não está indo
bem. Se o gestor deixar que o colaborador pense que está agradando e
um dia disser: Olha, não deu porque o seu trabalho não é
de boa qualidade, não estará contribuindo para estabelecer
uma relação de confiança, essencial para compartilhar conhecimento,
afirma Doris.
Nesta época, em que as empresas e corporações tanto se
preocupam com a retenção do capital intelectual, com a sinergia
entre os integrantes das equipes e com sua produtividade e competitividade,
nada mais atual do que discutir as relações perversas que marcam
o nosso cotidiano e que nos impõem uma acomodação quanto
à banalização da violência. Este foi o contexto que
levou Raquel Balceiro a resenhar o livro Assédio Moral a violência
perversa no cotidiano, de Marie-France Hirigoyen. O livro apresenta diversos
casos testemunhais, através dos quais é feita uma análise,
sob a perspectiva da vítima, dos motivos que levam as pessoas a cometer
sutis violências nos ambientes familiar e do trabalho. Assédio
Moral mostra, ainda, os possíveis e dolorosos impactos que esse tipo
de violência pode ter na vida dessas vítimas.
Finalmente, das cartas que a Revista recebe de seus leitores, detectamos que
muitos gostariam de ler sobre o sucesso no desenvolvimento de projetos. Para
dar início a esta discussão, escolhemos o filme Onze homens e
um segredo. A resenha deste filme, feita por Aracy Machado de Campos e Mônica
de Castro Faria, discute a necessidade e a importância de um bom planejamento
para se alcançar sucesso no desenvolvimento de um projeto. É apenas
o começo, para satisfazer a nossa curiosidade...
Mais uma vez, escolhemos os temas e os artigos para que a Revista continue do
seu agrado. Contudo, caso tenha sugestões de temas e entrevistas, escreva-nos!
Até o próximo número!
Nota
1 O Comitê para Democratização da Informática (CDI)
é uma organização não-governamental que tem recebido
prêmios internacionais pela sua atuação em prol da inclusão
digital.
Os Editores