Num momento em que os perfis dos gêneros se redesenham continuamente, em que se investigam interferências e hibridações entre campos diversos, o ensaio de Héris Arnt é de extrema importância e oportunidade.
Com recorte pessoal, a autora trabalha os limites do jornalismo e da literatura no século XIX, dando destaque à contribuição de escritores/jornalistas como Alencar e Machado, no Brasil; Dickens ou Balzac, na Europa e Mark Twain nos Estados Unidos. Sem ser um texto com pretensões históricas, oferece um panorama dos cruzamentos do discurso ficcional com o jornalismo na época do surgimento da cultura de massa. Numa visão comparativa, focaliza especialmente o folhetim e a crônica para a compreensão das diferentes situações históricas e sua dinâmica sócio-econômica.
Com rápido retrospecto busca a temática central e nos dá a trajetória do jornalismo desde as folhas manuscritas às impressas. No Brasil, o jornalismo literário nunca chegou a ter, segundo a autora, uma penetração ampla no seio da sociedade. Apesar disso, não se pode negar o papel cultural da saborosa leitura do Rio de Janeiro de El Rei a partir de Manuel Antônio de Almeida, bem como, a visão do complexo urbano da época, na pena de Alencar.
Nízia Villaça
SUMÁRIO
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