Em que contexto o livro foi terminado? O mundo parece estar parado, por conta de uma pandemia da COVID-19. Muitos em suas casas, decretos que restringem a circulação da população, poder público com mensagens ou orientações desencontradas, episódios surreais pela Zona Sul do Rio exaltam o carpe diem (desacreditando o vírus) e os veículos de comunicação não cessam de divulgar os horrores do contágio exponencial – sem saber onde isso tudo irá parar. De diversas telas assisto o número de mortos baterem aqui em casa. Já perdi um colega para a doença e recebi notícias do drama da minha médica, lutando por sua vida em um CTI. Vejo minha esposa sair para trabalhar, afinal os profissionais da saúde estão na linha de frente – e aí meu coração se aperta. Como meus filhos recebem isso tudo? Preocupo-me com os idosos, entre eles minha mãe, e além dela imagino como cada jovem deve olhar para isso. Para que futuro eles irão enxergar no horizonte? Também não canso de considerar como cada professor e funcionário da ESPM está passando por esse momento. Dito isso, por meio de tal clausura só resta fechar os olhos e deixar o pensamento ir.
Para explicar por onde andam os pensamentos, peço licença como um dos autores do livro para contar; assim volto no tempo. Lembro de meu pai (Christiano Ariel Teixeira) em museus durante 1981, por quase 30 dias – quando estávamos nos EUA, exatamente em Washington e New York. Mamãe (Maria Helena de Souza Teixeira), minha irmã (Flavia de Souza Teixeira), meu primo (Marcus André Teixeira) e eu, tínhamos muita dificuldade em compreender como uma pessoa podia ficar por volta de 20 minutos ou mais em frente a uma tela; meu pai podia. Agora, considere quantas existem nos museus. E quanto às esculturas! Elas eram uma categoria à parte, pois papai era escultor e professor da mesma disciplina no Parque Lage.
Enfim, o tempo para Christiano Ariel seguia em um ritmo diferente. Ele era capaz de fazer esculturas enormes, lindos monumentos que ocupam o espaço público até hoje (p.ex., Lions Club no Centro do Rio) e de cantar ópera em um vagão do metrô – somente para se divertir. Também observava obras de arte e figuras diferentes nas janelas dos prédios, enquanto dirigia o carro, conforme relato de minha mãe (destaco que tais ações no trânsito devem ser evitadas, mas o caso se aplica aqui como retórica). De qualquer modo, essa era um pouco de sua personalidade. Sendo assim, durante o meu período da quarentena imposta (com toda a razão) pelas autoridades públicas, pude parar e me lembrar.
SUMÁRIOSumário
Mito da fênix 7
Prefácio 11
Alexandre Gracioso
Abertura 17
Eduardo Ariel de Souza Teixeira
A morte e a morte dos museus 21
Claudio Valério Teixeira
Introdução 25
Leonardo Marques de Abreu
Parte I. Reflexões e pensamentos 29
Capítulo 1
Design de experiência e aprendizagem 31
Thiago Ribeiro e Freire
Capítulo 2
Interação entre experiência e exposições 43
Patrícia Duarte Gonçalves
Capítulo 3
O museu na era do capitalismo artista 57
Gabriela de Almeida Fagundes
Capítulo 4
A prática da empatia 67
Mônica Assis Marques Barbosa
Capítulo 5
Convergência, experiência e interatividade 83
Ingrid Buckmann
Parte II. Propostas e projetos 95
Capítulo 6
Projeto Acervo ao Cubo 97
Andrei Gomes, Carlos Filipe e Claudia Monteiro
Capítulo 7
Projeto Revitalização do Entorno 103
Leonardo Miranda, Maristela Vasconcelos, Patrícia Mendonça Lima e
Renan Luna
Capítulo 8
Projeto Diálogo 111
Henrique Almeida Silva Júnior, Matheus Pereira, Raul Santa Helena e Yasmin Costa Dutra de Oliveira
Capítulo 9
Projeto Ignição 121
Alexandre Magno, Carlos Oliveira Junior, Eduardo Carvalho e
Manoela Soares
Parte III. Perspectivas e reflexões 125
Capítulo 10
O museu de Bacurau: memória como resistência 127
Isabella Perrotta e Lucia Santa Cruz
Capítulo 11
Tecnologia em museus 129
Carlos de Oliveira Junior
Capítulo 12
A tecnologia da sensação na obra de arte 143
Ana Erthal
Capítulo 13
Cidades, museus, design e hospitalidade 157
Eliana Formiga e Paulo Reis
Capítulo 14
Museus: da metonímia às metáforas – exemplos do Rio de Janeiro 165
Isabella Perrotta e Lucia Santa Cruz
Capítulo 15
Discussões e interações para além da disciplina "design de experiência" 181
Eduardo Ariel de Souza Teixeira
Sobre os autores 231
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