É com enorme alegria que vejo a monografia de Daniela Fernandes Alarcon ganhar versão impressa e digital, podendo atingir assim os leitores interessados nos povos e culturas indígenas, e na literatura antropológica atual produzida sobre eles. Desde 2013 venho acompanhando a sua trajetória acadêmica e vendo com admiração e amizade consolidar-se a sua condição de potente e original pesquisadora.
Trata-se de um trabalho rigoroso e competente, resultado de uma etnografia exemplar, desenvolvida ao longo de vários anos, em múltiplos e densos contextos de interação com os indígenas. Isso não é feito em linguagem hermética e rebuscada, mas sim numa prosa saborosa e envolvente, que captura diversos públicos. Ao mesmo tempo, ele nos coloca no centro de uma importante mudança de métodos e objetos ocorrida na antropologia praticada no Brasil com povos indígenas nas últimas quatro décadas. A experiência etnográfica está indissoluvelmente associada a uma antropologia crítica, histórica e dialógica.
Não quero privar o leitor da possibilidade de descobrir e elencar as inúmeras virtudes e contribuições deste trabalho, deixando que explore e destaque os aspectos com os quais mais se identifica. Como uma boa etnografia, o texto pode oferecer subsídios importantes a diferentes áreas de interesse na antropologia, como família e parentesco, economia, ritual, política e identidade, cosmologia e relação com a natureza, assim como trazer dados e análises instigantes para o estudo da história, sociologia, ciência política, psicologia e área da saúde.
SUMÁRIO13 Lista de abreviaturas e siglas
15 Uma experiência exemplar em antropologia
25 Introdução
28 Nas passadas do retorno
35 Como este livro foi construído
49 Ao encontro das histórias tupinambá
61 Escrevendo nos escombros
65 Um balanço da recuperação territorial
68 A multiplicação das retomadas
88 Viver embolado e viver esparramado
99 Retomadas como campo de pesquisa
123 Esparramados no mundo
126 A saída da aldeia
144 Trabalho para os outros
167 Um mundo de perigos e sofrimentos
186 Manutenção de vínculos na diáspora
210 O regresso na partida
231 O sangue puxa e os caboclos empurram
233 O retorno dos parentes
255 Dinâmicas de mobilização
274 Formas de participação na aldeia
292 Ação política e parentesco
309 Terra é para se viver bem
353 Viver e lutar juntos
355 Construindo vínculos entre parentes
368 Manejando tensões na aldeia
387 Amansando inimigos e fazendo aliados
411 A aldeia e a cidade
429 Considerações finais
435 Fontes e referências bibliográficas
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