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Modernização Tecnológica e Geografia

Luís Angelo dos Santos Aracri

A presente coletânea reúne trabalhos que, em suas versões originais, foram produzidos entre os anos de 2006 e 2018. O elo entre eles é a busca por uma interpretação da modernização tecnológica na esfera da produção econômica através do olhar da geografia. O que chamamos aqui de modernização tecnológica é um processo através do qual se incrementa o componente científico, técnico e informacional das atividades econômicas e do próprio espaço geográfico na contemporaneidade. A modernização se apresenta no período atual – que Santos (2002) chama de “período técnico-científico” – sob a forma de inovações tecnológicas cuja definição aqui adotada é consistente com grande parte da ampla literatura disponível sobre o tema. Mais do que máquinas e equipamentos, a inovação tecnológica também se manifesta sob a forma de novos conhecimentos, novos métodos e processos de produção, novos produtos ou novos serviços.

Quando assume a forma de bens e serviços, a inovação pode servir como base para o aparecimento de novos ramos industriais ou setores de atividades. Como novo processo de produção, pode promover a economia ou a substituição de determinados fatores de produção e, dessa forma, reduzir custos e incrementar a produtividade. As inovações tecnológicas podem também reconfigurar as relações de produção e alterar a divisão do trabalho. Além disso, a inovação tem um caráter sistêmico nos dias atuais: as novas tecnologias são cada vez mais “solidárias” e interdependentes entre si. As inovações não somente podem ser incorporadas por firmas, mas também por outras organizações, pela administração pública e por indivíduos. Elas podem ser “radicais” (quando são completamente novas e promovem a ruptura de paradigmas tecnoeconômicos1) ou “incrementais” (quando se trata de melhoramentos contínuos e sistemáticos de tecnologias já existentes).

Os textos a respeito da modernização tecnológica que aqui se encontram reunidos compreendem distintos estágios de minha aproximação com a temática em tela, sendo que apenas dois deles – Capítulos I e II – se dedicam a questões de ordem teórica. Os demais – Capítulos III a VI – são de cunho empírico e têm como objeto a modernização tecnológica no setor agrícola brasileiro, tema sobre o qual me dedico há mais de uma década. Somente a sojicultura em Mato Grosso tem destaque em três dos seis capítulos desta obra – isso porque é aí, no Planalto Central, que a modernização da agricultura no Brasil atingiu seu grau mais elevado.

O Capítulo I é uma versão, com algumas modificações, de um artigo originalmente publicado no primeiro número da Revista de Geografia do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora em 2011. A escolha desse texto como capítulo de abertura do livro se deve ao fato de ele dissertar de forma panorâmica sobre as diferentes abordagens teóricas acerca da dimensão geográfica/espacial dos processos de surgimento e difusão das inovações tecnológicas, contrapondo, de um lado, os “modelos de difusão espacial de inovações” desenvolvidos entre as décadas de 1950 e 1970 e, de outro, os “modelos de inovação territorial” dos dias atuais.


1 De acordo com Pérez (2003), um “paradigma tecnoeconômico” é definido por um conjunto de princípios tecnológicos e organizativos e instituições dominantes que perdura durante uma onda de desenvolvimento de longo prazo. Tais princípios descrevem o modo como as inovações tecnológicas, as novas indústrias, atividades ou setores e as novas formas de organização da produção são empregadas para modernizar a economia.

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