Economia Política da Comunicação
Valerio Cruz Brittos e Adilson Cabral (orgs.)
O I Encontro da
Ulepicc Brasil, realizado de 18 a 20 de outubro de 2006, na Universidade Federal
Fluminense, em Niterói, teve como tema Economia Política
da Comunicação: interfaces sociais e acadêmicas no Brasil
e contou com a presença de diversos professores, pesquisadores e alunos
de graduação e pós-graduação de vários
estados do País.
O I Encontro foi pautado na lógica da identificação de interfaces com outros campos nas Ciências de Comunicação, entre:
Um Encontro
de Encontros
A proposta do Encontro foi concebida para contemplar tais demandas. Para além
de instâncias características da maioria dos encontros acadêmicos,
como as mesas temáticas, com a presença de pesquisadores/professores
de Economia Política da Comunicação dividindo espaço
com nomes de referência de outros setores de atuação (Estudos
Culturais, Tecnologias de Informação e Comunicação,
Políticas de Comunicação e Comunicação Comunitária),
e Grupos de Trabalho, nos quais se formam redes de sociabilidade e conexões
entre os participantes nos setores contemplados nesse evento e a própria
Economia Política da Comunicação em geral, buscou-se desenvolver
outros espaços de vivência e articulação dos participantes
do Encontro, através de debates entre organizações sociais,
reunião com organizações sociais e acadêmicas, mostras
de trabalho, encontro de Grupos de Pesquisa de áreas afins.
Dentro do prazo
estipulado foram recebidos ao todo 96 resumos para apreciação
da Coordenação Executiva, sendo que 32 em Tecnologias da Informação
e Comunicação, 31 em Políticas de Comunicação,
20 em Estudos Culturais e 13 em Comunicação Comunitária,
desconsiderando possíveis pontos de tangência entre as áreas,
um número bastante expressivo, em se tratando de uma organização
recém-iniciada de uma subárea da Comunicação.
Dos resumos apresentados
foram aprovadas 60 propostas, assim distribuídas: 12 para Estudos Culturais,
12 para Comunicação Comunitária, 18 para Políticas
de Comunicação e 18 para estudos sobre Tecnologias de Informação
e Comunicação. Como os GTs de Políticas de Comunicação
e estudos sobre Tecnologias da Informação e Comunicação
tiveram muitos resumos de excelente qualidade, considerou-se a realização
de mais uma sessão destes GTs, que contam com 18 artigos ao todo.
Alguns dados:
em termos da participação de gênero, tivemos a participação
de sete homens e cinco mulheres em Comunicação Comunitária,
quatro homens e oito mulheres em Estudos Culturais, 13 homens e cinco mulheres
em Políticas de Comunicação e 10 homens e oito mulheres
em estudos sobre Tecnologias de Informação e Comunicação.
No tocante à participação por região, não
tivemos nenhum artigo oriundo da Região Norte, oito da Região
Nordeste, predominantemente do Estado da Bahia, oito do Centro-Oeste, predominantemente
de Brasília, 33 da Região Sudeste e 10 da Região Sul, além
de dois de estudantes de Programas de pós-graduação da
Inglaterra. Quanto à titulação, tivemos a participação
de 18 doutores, 16 doutorandos, oito mestres, 14 mestrandos e quatro sem especificação.
Os trabalhos foram publicados em CD, distribuídos aos sócios da
Ulepicc-Brasil e submetidos à apresentação no Encontro.
Foram apresentados
temas diversos, como Participação e Opinião Pública,
Biopolítica, Governo Eletrônico, Música Digital, Comunicação
Organizacional, Webjornalismo, Jogos eletrônicos, Educação
a Distância, Interação Global-local, Regulação
das Mídias e Indústrias Culturais. Dentre esses, temas de destaque,
como a Digitalização do Rádio e da TV e a Estruturação
dos Grupos de Mídia, além de diversas iniciativas em comunicação
e cultura popular.
Apoios institucionais
A decisão de realizá-lo em sua totalidade nas dependências
do Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS) foi de suma
importância para demonstrar nossa capacidade, nossos limites e o tanto
a caminhar para viabilizar iniciativas como esta de modo compartilhado e com
grande mobilização de recursos e esforços, a fim de proporcionar
as condições ideais de acolhida e o saudável debate na
comunidade acadêmica e em sua relação com a sociedade em
geral. Mas esse passo foi possível dar, reconhecendo a estabilidade do
terreno e a dimensão desta caminhada.
Contamos, para
a realização deste Encontro, com o apoio dos Departamentos de
Comunicação, de Estudos Culturais e Mídia e do Programa
de Pós-graduação em Comunicação da UFF, em
contato freqüente com outros programas de Pós-graduação
do Estado (UFRJ, Uerj e PUC/Rio). Além disso, contamos com a imprescindível
contribuição da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação
da UFF (Propp/UFF), bem como da Faperj e da Capes, para a viabilização
de passagens e hospedagens aos palestrantes.
A largada da Ulepicc-Brasil,
mediante a realização de seu primeiro Encontro, consiste também
na própria consolidação dos trabalhos em torno da Economia
Política da Comunicação no Brasil. Dessa forma é
que na soma dos Grupos de Trabalho (GT) em associações de pesquisa
como a IAMCR e a Alaic, a Economia Política de Comunicação
conta com um GT recém-criado na Compós. Suas perspectivas futuras
consistem na consolidação de estudos, publicações
e atividades diversas, buscando interações com a sociedade civil
e, assim, participando da construção de políticas públicas
de comunicação.
Dessa forma, espera-se
chegar em 2008, quando da realização do segundo Encontro da Ulepicc-Brasil,
com o crescente diálogo da Economia Política da Comunicação
com diversos Programas de Pós-graduação de Comunicação
em todo o Brasil, bem como a consolidação de trabalhos compartilhados
e em rede com grupos de pesquisa afins em todo o Brasil, realizando relevantes
estudos sobre temas prioritários da Comunicação em nosso
país, à luz da Economia Política da Comunicação.
Sobre os artigos
A presente publicação é um conjunto das principais apresentações
ao longo do I Encontro da Ulepicc-Brasil, que busca sistematizar não
apenas o conhecimento consolidado em torno da própria Economia Política
da Comunicação, mas também desafios conceituais e metodológicos,
expostos na interface com os temas apresentados pelos diversos convidados de
mesas e grupos de trabalho, resultando em contribuições que apresentam
um leque de possibilidades para futuras abordagens.
O livro é
dividido em duas partes distintas: a primeira compreende artigos inseridos no
campo da Economia Política da Comunicação ou em permanente
diálogo com suas referências, já a segunda parte trata das
interfaces com outras subáreas em Comunicação, que tanto
se afirmam pelas instigantes provocações como por relevantes pontos
de tangência merecedoras de investigações a serem elaboradas.
Esperamos que os leitores tirem suas próprias conclusões, na firme compreensão de que a Economia Política da Comunicação está longe de ser uma ilha, mas um lugar para a fundamentação de uma crítica estrutural aos fenômenos comunicacionais em curso no estágio atual do sistema capitalista.
Valério Cruz Brittos e Adilson Cabral