Talento e Oportunidades
Uma Introdução à Gerência Evolutiva
Duas características
chamam a atenção neste livro: ousadia e inovação.
Jorge Raggi é
ousado ao abordar o tema talento & oportunidades sorte gerencial.
Não busca atalhos, nem reduções. Vai ainda mais. Com a
intenção de colocar as cartas na mesa, o autor apresenta
sua lógica e seus resultados construindo este livro como um diálogo
entre teoria e prática. Acredito que este seja um dos pontos fortes da
obra: nos provoca a observar os fatos reais e compreender as construções
teóricas que buscam sua elucidação.
Baseando-se nas
teorias de Darwin, Bertalanffy e Piaget, Jorge Raggi nos traz conceitos que
se aplicam, de forma inovadora, ao contexto em que vivemos hoje. Apontando visões
de autores clássicos, o autor nos faz perceber que elas se aplicam em
nossas ações atuais. Na verdade, nos mostra um fio condutor que
nos liga como gerentes e arqueiros aos nossos antepassados.
Somos gerentes, na árdua função de gerenciar trabalho,
vida, pessoas. Somos arqueiros, no desenvolvimento da visão estratégica
para acertar os alvos, antecipando onde e quando as oportunidades aparecerão.
Acaso, equívoco,
interação e probabilidade. Estas palavras revelam a complexidade
da sorte. Então, o que podemos fazer para ter sorte? As pistas
para responder esta questão constituem outro ponto forte desta obra.
Desenvolver consciência, sobre si mesmo e sobre os outros, é uma
das chaves para enxergar as oportunidades e planejar a forma de ação:
quando, como, com quem. Saber interagir é outra chave.
Como enxergar
e interpretar os sinais e agir assertivamente em meio ao acaso, ao equívoco
e a probabilidade? Não existe receita, tudo é
interativo Raggi parece nos repetir estas frases ao longo do texto.
De forma realista e arrojada, o autor inova ao abordar a complexidade da gerência
hoje. Apresentando as ricas experiências de grandes gerentes, como Noemi
Gontijo, H. Gorceix, Eliezer Batista e Amaro Lanari Júnior, nos ajuda
a entender como talento e ambiente se integram.
Raggi também
é um arqueiro. E publica este livro justamente em uma época que
Darwin está sendo celebrado nos 150 anos de A origem das espécies.
Sorte gerencial?
Importante considerar
que este texto é resultado de um amplo estudo conduzido ao longo de mais
de uma década. A abordagem complexa e profunda, mas descomplicada, que
o autor nos traz é consequência de muito esforço.
Vale a pena diferenciar
estes conceitos: complexo e complicado. Podemos considerar como exemplo uma
máquina fotográfica. Pode ser um engenho complexo, com uma interface
simples: é só apertar o botão. Por outro lado, existem
máquinas complexas e complicadas, nas quais descobrir o botão
certo pode ser um grande desafio.
O desafio nos
une ao autor. Raggi colocou a si próprio o desafio de tratar a evolução
gerencial em uma abordagem sistêmica, consistente e orientada para a ação.
E nos propõe o desafio de refletir sobre muitas questões: como
somos (nosso modus operandi e nosso comportamento como animais que vivem
em sociedade), o que queremos ser, onde queremos chegar e o quanto estamos preparados
para ter sorte gerencial.
Nesta perspectiva,
sorte gerencial está relacionada com nossas buscas por realização
pessoal e profissional. E como se situar nesta busca, diante da complexidade
que aumenta dia-a-dia? Esta é outra questão que nos ronda atualmente.
Este livro aponta que um caminho é o desenvolvimento da percepção
e a consciência da nossa natureza.
Lia
Krucken
Doutor em Engenharia de Produção
Consultor em Gestão da Inovação