capa do livro

Participação e Desenvolvimento Sustentável no Brasil

A experiência da Itaipu Binacional

Roberto Salviani

Nas tramas da participação, o desenvolvimento

Vive-se um novo ciclo de desenvolvimento na vida brasileira, notadamente de construção de grandes obras de infraestrutura, dentre elas as destinadas à produção de energia hidrelétrica. Pequenas – como hoje grassam no estado de Rondônia –, ou de grande porte, como as construídas na ditadura militar, e como a planejada Belo Monte, as usinas hidrelétricas são um dos símbolos mais dúbios da visão de progresso calcada no crescimento econômico industrial: devastando e deslocando compulsoriamente coletividades humanas em regiões ambientalmente preservadas, pretendem gerar os meios para o conforto e a expansão dos habitantes das metrópoles do eterno Brasil Grande, país do futuro.

Encarnação dessas imagens de grandiosidade e de múltiplas oportunidades, obra do regime militar, insólita pelas suas múltiplas faces, pelas reações que induziu, como o surgimento de importantes movimentos sociais no campo, Itaipu Binacional é hoje a epítome ressignificada dessa história. Emblema das boas práticas do setor elétrico, Itaipu se projeta como exemplo a ser seguido. Diante de uma fachada de tanto consenso, a pesquisa social se faz mais necessária e urgente, sendo o presente livro exemplar do sentido crítico, no plano intelectual e no político, da investigação em ciências sociais em geral, e nela, do papel da antropologia em particular. Roberto Salviani mostra, através da análise de um dos programas da empresa, o Cultivando Água Boa (CÁB) o que a empresa concebe como participação e desenvolvimento sustentável, na retórica institucional e em várias imagens, disseminadas em performances por meio de eventos, capacitações, agenciamentos executados a partir de seus diversos projetos.

Salviani contrasta essa imagem com as práticas efetivas do CÁB e sua parca eficácia em atingir as metas que propugna, e conduz o leitor ao desencantamento de alguns dos mais caros dogmas do socioambientalismo empresarial.

Antonio Carlos de Souza Lima
LACED/DA – Museu Nacional/UFRJ

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