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O Capital de Risco no Brasil

Conceito, Evolução, Perspectivas

Claudia Pavani

Em 1492, Cristóvão Colombo zarpou da Espanha no comando de uma frota que foi bancada por uma operação de capital de risco. Demorou muito para que o conceito que deslanchou a exploração das Américas chegasse ao Brasil, mas finalmente chegou. Por que o capital de risco é importante para nós? Talvez a operação de Colombo nos ajude a esclarecer. Ao partir para o novo mundo, Colombo estava impossibilitado de fornecer bens em garantia, portanto a única garantia que poderia dar era a própria expedição ou, em outras palavras, o negócio. Quem participa de um negócio é sócio. Colombo também não podia pagar juros, portanto, o capital dos sócios teria que ser não oneroso. Como Colombo era evidentemente o empreendedor, seus sócios seriam minoritários no controle do empreendimento, portanto sócios investidores. Para atrair esses sócios investidores Colombo teve que lhes oferecer parte dos lucros futuros da expedição, um elevado retorno sobre o capital aplicado. O objetivo de Colombo apoiava-se no melhor conhecimento geográfico da época tecnologia. O que ele propunha era absolutamente revolu-cionário inovação. O tesouro encontrado teria que ser trazido de volta ao porto de origem transparência. Ele conseguiu. Agora é a nossa vez. Lembro-me que quando li a dissertação de mestrado de Claudia Pavani me ocorreu que ali estava um excelente relato da evolução recente do capital de risco no Brasil. Por sorte, ela resolveu transformar sua dissertação em livro e me procurou para saber do interesse da ABCR em patrociná-lo. Conhecedor da enorme carência de literatura técnica no Brasil, imediatamente me entu-siasmei e disse a Claudia que seu livro poderia até se tornar um livro texto para uso acadêmico. Aí foi a vez dela se entusiasmar com a idéia, porque a bibliografia nacional é bastante carente neste particular. O livro é fruto da extensa experiência da autora como consultora de empresas e participante de mais de uma centena de planos de negócios. Claudia este-ve intensamente envolvida com o programa Softex, e seu trabalho nesta área a fez ver de perto a importância do investimento de risco. Ela tornou-se de tal forma interessada no assunto, que produziu este livro. Entre os objetivos da ABCR estão: promover a compreensão e importância do capital de risco; fornecer dados e pesquisas para os participantes; e promover o desenvolvimento profissional dos seus associados. Acreditamos que o patrocínio desta obra é um passo importante no cumprimento de parte das nossas funções. O livro é também uma homenagem ao punhado de homens e mulheres que se empenharam em trazer o capital de risco para o Brasil, mas que foram impedidos pelo desvario econômico do período de hiperinflação. Não fossem esses homens, que lutaram contra todos os prognósticos desfavoráveis afinal, investidor inteligente era aquele que aplicava em títulos do governo para ganhar juros exorbitantes ou aquele que especulava com moedas para introduzir o capital de risco no Brasil, com certeza não teríamos hoje mais de 60 investidores ativos nesta atividade. Homenagem justa seja feita, então, a Roberto Teixeira da Costa, Ari Burger e Thomas Tosta de Sá, entre outros, pelo seu trabalho pioneiro e visionário. Para que os benefícios do capital de risco possam ser percebidos pela popu-lação como um todo é necessário antes criar um círculo virtuoso nesta atividade. Apesar de termos instalado grande parte das peças que compõem a indústria de Capital de Risco, ainda falta coordenar as ações para produzir ganhos reais no processo produtivo. O capital de risco trata de investimentos que o professor Flavio Rabello chama de “economicamente significativos” e que são importantes na criação e adição de valor. A compreensão dos detalhes do processo é fundamental para que possamos chegar a resultados concretos. Literatura importada ajuda, mas não resolve. Este livro de Claudia Pavani é bastante oportuno, didático e, mais importante que tudo, apresenta uma visão real da situação brasileira.

ROBERT EDWIN BINDER
Diretor Executivo Associação Brasileira
de Capital de Risco (ABCR)

 

 

 

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