Imprensa e Espaço Público
A Institucionalização do Jornalismo no Brasil (1808-1964)
Concorria muito para isto o particularismo de intencionalidades de jornalistas que se valiam de suas penas como meio de ingresso no campo parlamentar e de jornais efetivamente patrocinados por grupos, partidos, políticos e pelo próprio governo. O jornalismo político, pela sua natureza opinativa, por mais que proclamasse um distanciamento do interesse privado, não podia furtar-se ao parcialismo porque a opinião é necessariamente seletiva, por mais abstrato que seja o esteio do seu raciocínio. E também porque ele era, de certa forma, instância partícipe do processo de construção do Estado, solidária, nos momentos mais críticos, com os princípios partilhados pela elite política brasileira, tais como o da indissolubilidade da unidade do Estado, o do compromisso com a sua consolidação (com divergências ainda conciliáveis quanto ao grau de centralidade do seu poder), o da restrição a medidas democratizantes de participação popular, o da aversão a políticas radicais de mudança do sistema político, entre outros. Por mais críticos, liberais e independentes que tenham sido os jornalistas do período imperial, eles se mantiveram, em geral, fiéis aos princípios políticos de seus pares."