Poética e Psicanálise
Artepensamento entre campo ficcional e campo psicanalítico, diferentes subjetividades
Viver, como dizia Hélio
Pellegrino, é acender uma fogueira na noite? Esta obra debate a poética
e a psicanálise. O autor, após Hélio Pellegrino, seu analista,
falecer, tentando dar significado a relação de ambos, resolveu
pesquisá-la, transformando-a em sua tese de doutorado, defendida na PUC/SP.
A pesquisa, agora como livro, debate basicamente: a) que pelo lado de uma estética
inspirada em Deleuze e em Peirce, diante de encontros transferenciais, pode
surgir o dispositivo da artepensamento (que cria uma política de signos
gestando-se nova forma de ver, sentir, pensar); b) que pensando a psicanálise
por F. Herrmann, M. Guirado e S. Rolnik, o estudo aponta que se chega a tal
dispositivo, principalmente, por rupturas de campo (conceito defendido por Herrmann,
o qual, marcando diferenças, se aproxima da interpretação
analítica).
Essa fogueira só se acende pela psicanálise? Não podemos
afirmar isso. Deste estudo veremos que certos campos analíticos iluminam
escuridões, quando se vê que a análise não se reduz
a mera atitude técnica, nem se resolve apenas pela ciência, mas
é um encontro humano. Acende-se a fogueira, se o analista
e o analisando ousam mergulhar nesse encontro e reconstroem trajetórias
por uma estética e uma ética: Não basta interpretar
o paciente, diz-nos Pellegrino (In: Lucidez Embriagada, p. 31), é
preciso salvá-lo, convertê-lo à realidade, dando-lhe profunda
aceitação de que precisa assumir a responsabilidade existencial
de ser si-mesmo.