Engenharia do Entretenimento: Meu vício, Minha virtude
Este livro contém
uma história de dedicação na minha trajetória como
artista e como professor. As duas faces deste caminho, em sinergia, apresentam
ao leitor o primeiro fruto desta árvore com raízes no céu.
Desde menino, tenho o exato olhar ao desenhar as palavras difíceis como
entretenimento para mim. Uns idolatram, outros debocham. As crianças
aplaudem, o vivido sorri. Tenho aprendido esta história como quem contrai
um vírus novo neste século. Sempre instigante transformação.
Às vezes sedução, às vezes febre. Contaminados estamos
todos, como a peste artaudiana. Produtores e consumidores. Fato que universaliza
o interesse, valoriza a necessidade de entendimento, enobrece a árdua
tarefa de unir corações para o diálogo e a reflexão
sobre a cultura, a arte, a educação, o lúdico e a diversão.
Estou feliz com a caminhada
desde a cadeira na graduação no curso de Engenharia de Produção
em 2002. É um privilégio, uma cadeira eletiva começar com
38 alunos e seguir com grande interesse de todos. Neste semestre 2006.2 continuamos
com uma bela qualidade de alunos. Seguiram outros projetos como a concha acústica,
o convênio com a TV Globo renovado por mais 5 anos em 2004, a integração
DEI/PEP da UFRJ, a linha de pesquisa reconhecida pelo CNPq, a disciplina na
pós-graduação da Coppe e o Laboratório de Engenharia
do Entretenimento (site) em 2004.
O I Congresso de Engenharia
do Entretenimento (CEE), em 2005, os livros, os espetáculos Mundos
por Descobrir escrito e dirigido por Hamilton Vaz Pereira, e Ponto
de Encontro-dança por Roberto Guarabyra, a incubadora de entretenimentos
em 2006, o Boemia Rock, o UFRJ/Nação-Maré HipHop,
o UFRJ /Lapa-Chorinho, o selo de música, o curso de pós-graduação
lato sensu e outras tantas aspirações como frutos do equilíbrio
artístico e técnico, visão de longo prazo como requer a
boa educação, e objeto da praxis do engenheiro de produção
desde os primórdios da Engenharia de Produção, integrar
produção e administração; projeto, produto, produção
e pós-produção. Os projetos alçam vôo para
que o sonho se torne realidade. Sei que sou um sonhador, mas sei que não
sou o único cantou Lennon. Walt Disney e tantos outros loucos
construíram e inspiram esta bela história. Os amigos, sintam-se
todos abraçados e beijados pela colaboração neste tempo
todo. Aos inimigos, como o Cazuza cantou de modo incrível, faz
parte do meu show.
A Engenharia de Produção
nasce nos anos 70 no Brasil, na UFRJ, com a primeira turma formada em 1973.
Nos anos 80, estava voltada exclusivamente para a indústria. Nos anos
90, desenvolveu-se para o então ágil setor de serviços.
Na UFRJ, surgem várias iniciativas sociais até então não
incluídas como objetos de estudo, pesquisa e extensão. Participo
diretamente da concretização de Projetos Sociais, que direcionamos
para Projetos Socioculturais, desde 1994, quando da fundação da
Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares. História de
outro sonho com um Quixote inesquecível, parceiro de tantas loucuras
e devaneios, o prof. Miguel de Simoni (in memoriam). Participei dos primeiros
projetos do Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social com outro
Sísifo feliz, prof. Roberto Bartholo. Com esses dois cresci. Este ano
completo 20 anos de UFRJ, 30 de palhaço Bocão, 23 de músico,
13 de ator, 8 de dançarino. A Engenharia do Entretenimento surge neste
caminho indústria-serviço-entretenimento no mundo e no Brasil.
No final do primeiro capítulo conto a minha iniciação nos
trabalhos socioculturais da Engenharia de Produção em Vigário
Geral na Casa da Paz que sintoniza com parte da história da Engenharia
de Produção no Brasil. Criar sustentabilidade é necessário
e urgente para o nosso povo.
Os novos paradigmas em
relação ao trabalho e ao não-trabalho, o papel da arte
na sociedade, os sentidos que o entretenimento fomenta na cultura e na educação,
são exemplos das questões que devem ser integradas para que o
entendimento social, econômico e ético perpasse o ensino desde
os primeiros passos na escola. Para que as árvores tenham consciência
do seu tronco, caule, folhas, frutos e, também, das raízes.
A Internet pode ser acessada
em muitos lugares e, portanto, tem integrado espaços, carecendo de delimitação
e mesmo de adaptação das pessoas às novas necessidades
e configurações de tempo. A dança, o circo, a música,
as artes plásticas, mas também a bola de gude, o pião,
a pipa, a pelada, a poesia.
A dramática exclusão
social e digital vira terror na corrupção, na guerra, no poder
e nas relações pessoais.
Equações
deveras instigante, pois falam da vida, dos encontros e desencontros, dos projetos
socioculturais, da relação dominador/dominado, dos valores humanos,
dos limites, da ética, do amor. Enquanto congregação de
professores e palestrantes, alunos, entretidos e interessados; este primeiro
encontro trouxe alegria, realização e maturidade para continuar
seu fluxo. É com muita alegria e dedicação que oferecemos
essas primeiras idéias sobre a Engenharia do Entretenimento e um questionamento
sobre o trabalho e o entretenimento no século XXI.
Este livro é também
fruto do I Congresso de Engenharia do Entretenimento Meu vício,
minha virtude, realizado nos dias 26, 27 e 28 de outubro, no Fórum
de Ciência e Cultura da UFRJ no Campus da Praia Vermelha. O congresso
alcançou seu objetivo de encontrar os pares e párias na UFRJ e
compartilhar ensino, pesquisa e extensão. Contou com o patrocínio
do Fórum, com a participação de mais de 100 congressistas,
11 palestrantes, 22 artigos aprovados pelo comitê científico, 5
casos de sucesso e 1 oficina de máscaras. Com um corpo de conhecimentos
diversos, desenvolvidos por vários professores, quisemos reunir essas
pessoas que estão com o gosto de denominar UFRJ Entretenimento. Um curso
multidisciplinar porque o objeto de estudo extrapola muitos cursos e idéias.
Na palavra entretenimento também há mais do que julga
a nossa vã filosofia. Como na fábula, entreter para não
ser tragado. Imperioso neste início do século XXI é
orquestrar produção e consumo, trabalho e lazer, entretenimento
e tédio para uma vida ética procriar felicidade e beleza.
O livro tem duas partes
distintas que se complementam. A primeira tem nove capítulos escritos
pelos palestrantes. A segunda traz os melhores artigos aprovados para apresentação
em sete capítulos em torno dos eixos temáticos. Alcançado
objetivo, o I Congresso de Engenharia do Entretenimento tematizou entretenimento
na UFRJ.
A história deste
livro é uma história de um sonho. O sonho deu lugar à convicção
que tem me levado a belos encontros. Com nossos amigos e nossas canções,
vários outros sonhos percorrem esta história. Cada pessoa que
foi ou é envolvida, agrega aquele cantinho lúdico que nossa criança
interior teima em brilhar nos olhos e o palhaço ao ver, toca em sorriso
e ânimo. Como a raiz do verbo latino tenare sugere agarra a sua
alma.
Nasce de um sonho. De uma vida inspirada, terna, expressiva e artística. Nasce de um sonho integrador de um ainda aspirante a palhaço. Reunir conhecimentos no intuito de fornecer suporte aos projetistas e administradores, economistas, artistas e técnicos, aos comunicadores e à sociedade. A história deste livro também é uma história de encontros e desencontros. Durante o nevoeiro, levamos o barco devagar para que as inquietações, as dificuldades, a perseverança, a alegria, a malícia e a raça chegassem a um porto humano. Com o destino de emoção, esta história torna obra parte de uma visão inovadora e multidisciplinar. É comemoração com amigos, uma festa, um espaço de liberdade e responsabilidade onde entreter-se, dialogar, é o próprio sentido. É o meu primeiro livro, é o que eu tinha que organizar e escrever! Flores para todos nós que aqui estamos, aos que já passaram e aos que virão. Bença. Saravá meu pai!